28 outubro 2007

Tradução do Novo Testamento emociona comunidade indígena Xerente

Testemunhos e conversões reafirmam a sede dos Xerente em conhecer mais a Palavra de Deus, que, traduzida, revela o grande esforço e êxito de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira

Lançamento do Novo Testamento em Xerente (Tocantínea - TO)

Há 49 anos uma nova história no campo de missões começava a ser escrita no lugar que um dia seria chamado Tocantins. Era 1958, ainda norte de Goiás, quando um jovem de apenas 20 anos de idade e recém-formado em teologia – Guenther Carlos Krieger - chegava à cidade de Tocantínia. Ele desembarcava com pouca experiência na “bagagem” e muitos desafios o esperavam pela frente, sobretudo por tratar-se da evangelização de índios. Anos se passaram. Lutas foram vencidas e um marco histórico foi definido décadas depois, com a comunidade indígena Xerente recebendo a tradução completa, em sua própria língua, do Novo Testamento Bíblico.

Com isso, parte da missão se cumpre. As datas históricas desta conquista são os dias 20 e 21 de outubro de 2007, quando os Xerentes das aldeias Porteira (Nrõzawi), vinte quilômetros ao norte de Tocantínia, e Brejo Comprido (Kâ wra Kurerê), quarenta e cinco quilômetros a leste, receberam as Bíblias.

"Podemos dizer que Jesus Cristo também fala na língua Xerente. O futuro é de bênçãos e de vitória" (Gilberto Srêwẽ)
O evento foi marcante nos mais variados aspectos. Primeiro, pela simplicidade, peculiar dos indígenas. Segundo, pela emoção, tanto dos Xerente quanto dos pastores – que deram os primeiros passos na evangelização –, seus familiares, amigos e convidados que prestigiaram o ato.

Para os índios o momento era de extrema grandeza, a ponto de muito se emocionarem ao receber o livro sagrado. Conter as lágrimas era difícil, também, durante alguns testemunhos. Xerentes e pastores revelaram, em prantos, a alegria de vidas sendo entregues a Deus naquele exato momento.


Cerimônia Histórica
pastor Guenther Krieger, Wanda Braidotti, pastor Rinaldo Mattos
Guenther, Wanda e Rinaldo: quase 50 anos vivendo o evangelho entre os xerentes.
A Aldeia Porteira foi a primeira a receber o Novo Testamento, dia 20, pela manhã. Cerca de 400 convidados prestigiaram a cerimônia, organizada por Wanda Braidotti Krieger, esposa do pastor Guenther, responsável direto por todo o trabalho. A cerimônia era composta também pelo pastor Rinaldo Matos, missionário da Aldeia Salto, parceiro do casal Krieger nas pesquisas lingüísticas – e que chegou praticamente no mesmo tempo na região – e pelos índios Pedro Wãikainẽ e Silvino, ambos convertidos.

Entre os convidados de várias igrejas evangélicas de Palmas e cidades vizinhas estavam os pastores Sócrates Oliveira, diretor–executivo da Convenção Batista Brasileira, Fernando Brandão, diretor-executivo da Junta de Missões Nacionais, e o diácono Ezequiel Mangueira, da Primeira Igreja Batista de Campo Grande, no Rio de Janeiro, que durante os últimos vinte e cinco anos foi responsável pela manutenção das despesas do casal Krieger.

A PIB de Campo Grande, no Rio de Janeiro, tem um histórico de 25 anos investindo em missões e, segundo o diácono Ezequiel Mangueira, percebe-se que vale muito a pena. “Ver um trabalho desse coroando de êxito toda uma vida, quando da tradução do Novo Testamento para o Xerente, é gratificante e louvamos a Deus pela oportunidade de podermos participar dessa obra”, comenta. “Um novo desafio começa agora. Vale a pena investir em missões e, onde houver um brasileiro, índio ou não, que não conhece a Jesus Cristo, o evangelho precisa ser apresentado”, completa.

Para o pastor Sócrates, esse momento histórico junta-se à comemoração dos cem anos da organização da Convenção Batista Brasileira. “O lançamento do Novo Testamento Xerente significa o cumprimento da missão da CBB. Esse marco define que, além da língua portuguesa, alcançar também os povos indígenas na linguagem deles é fundamental. Representa um conjunto de esforços de todos os batistas brasileiros”, relata.

Bíblia Xerente
O Novo Testamento em xerente é o 39º traduzido das cerca de 180 línguas indígenas existentes no Brasil
O diretor-executivo da Junta de Missões Nacionais da CBB, com sede no Rio de Janeiro, pastor Fernando Brandão, informa que os batistas brasileiros fazem história, também, por serem os primeiros a traduzir sozinhos o Novo Testamento para outra língua. “É algo extraordinário que marca a história da Junta e traz todo um significado para esse novo século que estamos começando como missões nacionais. É o significado de que estamos no caminho certo, de avanço”, diz.

Resgate
Para os Xerente, ter o evangelho traduzido representa maior facilidade no entendimento da pregação e ajudará no resgate de muitos que se perderam pelo caminho. “Com esse Testamento vamos explanar a verdade que a Bíblia traz e vão acreditar, pois será lido por nosso próprio parente. Podemos dizer que Jesus Cristo também fala na língua Xerente. O futuro é de bênçãos e de vitória”, ressalta Gilberto Srêwẽ, um dos líderes da Aldeia Porteira.
Luis Henrique Machado, Palmas

O evangelho entre os índios no Brasil
O Tocantins apresenta uma população aproximada de 6.000 índios. Vivem no estado os Xerente (povo Akwẽ), os Karajá, Javaé e Xambioá (povo Iny), os Apinajé (povo panhi) e os Krahô (povo Meri). Destes grupos, três possuem o Novo Testamento traduzido: Karajá, Apinajé e, agora, os Xerente. Hoje o evangelho chega a 39 tribos indígenas na língua nativa do povo, nos mais variados cantos, de norte a sul e de leste a oeste do Brasil. Existem cerca de 180 línguas indígenas existentes no Brasil e, destas, quase 60 ainda não foram alcançadas. No caso da língua xerente, o fato é histórico, pois é a primeira vez que o trabalho completo de tradução do Novo Testamento é feito apenas por brasileiros. No mapa acima pode-se observar o nome, a localização e o ano do lançamento do Novo Testamento das 39 línguas indígenas que já têm a obra completamente traduzida. Baixe o mapa em melhor resolução aqui.

3 comentários:

carla_romano disse...

É uma pena que vocês cometam erros semelhantes aos dos católicos!!!

É possível ser evangélico e católico ao mesmo tempo?

Pois bem não é possível ser índio culturado e evangélico ao mesmo tempo!!!

Vocês dentro da ignorância antropológica não percebem que a religião destes povos está tão inserida na cultura local que não é possível diferenciar uma coisa da outra. Esses pobres por ingenuidade acabam aceitando tal absurdo e só perceberam tal perda tarde demais como já aconteceu com muitos!!!

Respeitar a cultura e religião de povos milenares com certeza cristo teria orgulho!!! Tenho certeza que ele estaria muito triste em ver tamanho desrespeito e aculturação!!!

Não duvido da boa intenção de muitos, mas para realmente ajudar alguem bos intenção não basta é preciso saber como faze-lo se não em vez de ajuda a gente acaba trazendo problema!!!

Porque não ajudar esses índios a intensificar suas práticas locais como religião LOCAL, língua, ritual, práticas de subsistência ao invés de impor uma nova cultura!!!

A maioria desses índios estão passando por problemas sociais e economicas pelo afastamento de suas práticas nativas!!!

Isso sim seria de grande valia, o reforço da cultura local!!!

PENSEM NISSO E VERÃO QUE REALMENTE ESTARÃO FAZENDO O BEM!!!

NÃO DUVIDO QUE OUTRAS PRÁTICAS BOAS POSSAM SER DESENVOLVIDAS MAS SERÁ QUE PARA ISSO VOCÊS PRECISAM CONVERTER O MUNDO???

Unknown disse...

Ao contrário. Os batistas estão dando uma grande contribuição a essa etnia, ao traduzir a bíblia em sua linguagem estão respeitando
sua cultura. Parabéns, povo Batista.

Pr. Matosalém Lopes.

Marcelo da Silva disse...

Quando os missionários chegaram na Aldeia Xerente o número de indíos era bem reduzido e muitos estavam doentes. Pergunta quantos antropólogos e sociólogos estiveram lá para levar uma vacina que seja. Esses índios estavam morrendo. O que dizer de práticas que envolvem sacrifícios de criancas a entidades espiriturais. Você aprova isso? Sacrificaria seu filho? Acha que isso é cultura local? Hoje você encontra pessoas que conhecem o evangelho e optaram voluntariamente seguir a Cristo. Hoje os xerentes possuem uma língua que é falada e escrita. Existem escolas que os próprios índios lecionam para seus filhos em sua próprio lingua graças ao trabalho desses missionários. Indios que puderam ingressar em cursos superiores e que representam suas comunidades em nível político, e não só vivem de favor do estado. Nós (ditos homens brancos) já fomos índios (no sentido imposto por nossos "intelectuais"). E entendemos que evoluimos em nossa visão holística, nossa produção, relacionamentos, etc, e parece que essa "evolução" não permite o mesmo para nossos iguais índios. O índio tem direito a terra, mas muito mais que isso, deve ter direito (não dever) e oportunidades que um dia tivemos em mudar em evoluir realmente.

Quanto a problemas sociais e econômicos, te convido (carla) a visitar a aldeia em questão e conferir quem, dentre os índios das comunidades xerente, está passando por problemas sociais e econômicos nessas aldeias.

Muito provavelmente você não conhece o que realmente é desenvolvido num trabalho missionário transcultural, nem quem são esses homens e mulheres, e quais suas formacões acadêmicas. Nossa "ignorância" antropológica talvez seja apenas uma interpretação da sua ignorância missionária. Lembrando que antropologia não é uma ciência exata, e isso não significa desrespeito aos doutores da área, mas há pontos sobre o assunto aqui exposto que merecem um debate fora do meio acadêmico.