11 agosto 2007

Pastor Walmir assume o ministério na Sibapa

Com 15 anos de ministério, sendo três deles trabalhando como missionário da JMM (Junta de Missões Mundiais) na Angola, o Pastor Walmir de Andrade Santos aceitou um novo desafio. Ontem a noite, ao lado de sua esposa Lídia Cristina Mury Santos, tornou-se oficialmente o Pastor da Segunda Igreja Batista em Palmas. Em entrevista realizada esta semana, Walmir falou um pouco sobre sua conversão, chamado missionário, ministério e os desafios do pastorado. Walmir ainda ressaltou que desde a primeira vez que esteve na Sibapa não entendeu de imediato, mas sentiu claramente a voz de Deus falando ao seu coração.


Faça-nos um breve histórico do seu ministério. Quais igrejas já participou como membro e quais pastoreou?

Eu era membro da Primeira Igreja Batista de Aracajú, em Sergipe, quando me converti. Lá também recebi o chamado para o ministério. Em 1989 fui para o Instituto Bíblico Betel Brasileiro, em João Pessoa, onde fiquei até janeiro de 1991. O instituto era indenominacional e lá comecei o curso de Bacharel em Teologia com especialização em Missiologia. No Betel aprendi a amar missões, interceder pelas nações e desejar ser benção pra elas. Neste período atuei em várias comunidades na grande João Pessoa e cidades interioranas da Paraíba. Em fevereiro de 1991 cheguei em Recife para concluir meus estudos no Seminário Batista e, em 1992, graduei-me como Bacharel em Teologia. No mês de março de 1993 a Igreja Batista do Feitosa, em Recife, pediu o meu concílio e ali atuei como pastor auxiliar. Em 1994 fui para o Rio de Janeiro realizar o sonho de fazer o curso de Técnico de capelania e o curso de Teologia – Educação Cristã. Lá me tornei membro da Igreja Batista Itacuruça (Tijuca). Em 1995 assumi como pastor titular o ministério da Primeira Igreja Batista em Nova Aurora - RJ, onde exerci o ministério por 11 anos e 10 meses, sendo que no último ano, já era missionário nomeado da JMM.

Quando recebeu seu chamado missionário? Como foi o processo de preparação para a obra e em quais campos já esteve?

Sou pastor, gosto de ser chamado de pastor e peço a Deus autoridade de pastor para que, em culto, a voz profética de Deus leve cada vida a refletir sobre quem é Deus, quem somos nós, e qual a nossa missão no mundo.
Quando Deus me chamou para o ministério, não ficou claro para mim em que área Ele iria me usar. De uma coisa eu sabia, Deus havia me separado para uma obra específica, então abri mão de família, trabalho, faculdade e fui para o Instituto Betel. Lá, Deus ampliou minha visão sobre as nações. Como aluno, atuei no Paraguai e em Portugal, país pelo qual choro e amo, por ser tão católico e terra dos meus avós. Quando saí do Instituto e fui para o Seminário Batista concentrei-me na teologia e no exercício do ministério pastoral. Mas lembro-me claramente quando na noite inspirativa da Junta de Missões Mundiais na Convenção Batista Brasileira em Serra Negra, em 1999, o missionário Pr. Joed Venturini pregava e o meu coração explodia de amor pela África, eu chorava tanto que me rendi dizendo “eis-me aqui Senhor”. Naquele ano casei com a irmã Lídia e nos apresentamos à Junta de Missões Mundiais (JMM).

Como missionário, imagino que tenha conhecido muitas culturas diferentes e, conseqüentemente, várias formas de uma igreja prestar culto a Deus. Considerando que, mesmo com as diferenças culturais, os valores de um culto são sempre os mesmos, o que você como pastor busca enfatizar para suas ovelhas nos momentos de culto de uma igreja?

Com certeza os valores culturais são diversificados, e a forma, ou melhor, a cosmovisão de mundo em relação a Deus, a fé e a salvação, determina a forma de culto de cada povo. Mas uma coisa é comum a todos os povos, culturas, raças, tribos e nações: “JESUS é a revelação especial e completa”. Como pastor ou missionário, como líder espiritual aqui no Brasil ou fora, não abro mão de nortear os crentes quanto a regeneração, a justificação, a santificação e a glorificação. Esses quatro pilares são determinantes em qualquer lugar onde o evangelho chegue. Sem esta visão, o culto passa a ser entretenimento, atividade social de cunho religioso. Sou pastor, gosto de ser chamado de pastor e peço a Deus autoridade de pastor para que, em culto, a voz profética de Deus leve cada vida a refletir sobre quem é Deus, quem somos nós, e qual a nossa missão no mundo.

Nos últimos anos Deus tem me despertado quanto a necessidade do crente ser ministro da graça de Deus aos homens, pois, quando o servo não ministra essa graça, ele cai em “desgraça”, fica sem frutos.
Quando sentiu de Deus que era o momento de começar um ministério em Palmas?

Viemos à Palmas como missionários da JMM promover missões. Porém, o período de campanha no Tocantins já havia acabado, não sabíamos porque estavam a nos enviar pra cá. No domingo em que eu falei na Sibapa, o irmão Herlon expôs à igreja que estávamos com dificuldade de obter o visto e com o sustento ainda incompleto. Daí nos chamou à frente (a Lídia e eu), pra que a igreja orasse por nós. De joelhos, meu coração tremeu, pois uma voz soou aos nossos corações. Rejeitamos aquela voz, pensando na meta que tínhamos: voltar ao campo missionário. Como ficariam os nossos mantenedores do Brasil inteiro? Como ficariam as missionárias de Huambo com a desistência do único pastor-missionário no campo? Como uma igreja que estava recebendo o missionário convidaria este para ser pastor? Não pode ser voz de Deus! Ao retornarmos ao Rio de Janeiro, Palmas e a Sibapa dormiam e acordavam conosco. Que fazer? Subimos à Palmas para ver o que Deus tinha feito durante o tempo que saímos daqui. Ainda não entendemos, até hoje, como tudo aconteceu nesse retorno, mas temos certeza que Deus disse: “Passa à Sibapa e ajuda-nos”. Fizemos prova de Deus, e o que era impossível aconteceu. Louvado seja o Deus do impossível.

Como avalia a visão de Pequenos Grupos como ferramenta de comunhão e crescimento da igreja?

Conheço pouco sobre as ferramentas de crescimento de Igreja. Mas quando as examino percebo que todas têm uma estratégia em comum, os pequenos grupos. Podem chamá-los de células, grupos de convivência, Neb´s, tribos, grupos familiares, etc. A verdade é que a igreja redescobriu o sacerdócio universal dos crentes baseado em Atos 2. O trabalho com pequenos grupos gera crescimento quantitativo e qualitativo, fortalecendo os elos de comunhão e cooperação dentro da comunidade. Nos últimos anos Deus tem me despertado quanto a necessidade do crente ser ministro da graça de Deus aos homens, pois, quando o servo não ministra essa graça, ele cai em “desgraça”, fica sem frutos.

O que considera o principal desafio de um ministério pastoral?

Pastorear nos dias atuais é difícil, é complicado, mas é bom demais! O pastor sofre pressões externas e internas. Particularmente, o que eu acho mais difícil no ministério pastoral é permanecer no centro da vontade de Deus, permanecer fiel ao que Deus quer. Eu não temo homens e circunstâncias, não temo nada e ninguém, mas tenho medo de não exercer um ministério na dependência do Espírito Santo. Tenho visto grandes e pequenos ministérios de homens sem essa unção divina. Começaram dependendo de Deus e perderam essa dependência. Eu não vejo dificuldade no ministério pastoral quando Deus está do meu lado. Meu principal desafio é ter uma comunidade que viva Deus.